quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Quebrando a cara


Muitas vezes eu me sinto como se fosse invisível. As pessoas parecem me enxergar somente quando estou de corpo presente. Não se lembram de mim quando distantes e não pensam em mim numa hora que eu possa estar precisando.
Isso não é um texto de baixa auto estima e nem um argumento de coitadinho. Só é algo que estou cansada de carregar dentro do meu coração. Um fardo que pesa muito. Um fardo que cada dia mais tenho vontade de deixar pelo caminho.
O pior é que, quando estou começando a acreditar e ter um pouco mais de fé nas pessoas, elas vem e me fazem desmoronar de novo. Agem como se nada - só elas mesmas - fossem importantes.
Fico pensando se é um pouco de drama ou se é a realidade nua e crua diante de mim. Me apego nos mais ilusórios pensamentos. E desejo que a sinceridade tome as rédeas da situação.
Eu queria não ligar, queria ser seca e conseguir ignorar o que acontece. Queria fingir que estou bem, que sou forte e inabalável. Mas é impossível.
Eu sinto. Enquanto eles sorriem, eu choro. Enquanto eles festejam, eu fico pensando se sentem a minha falta.
Acho que preciso rever os meus conceitos. Jogar fora tudo o que me traz dor. Tudo o que não me faz bem. Tudo o que um dia, foi essencial, mas hoje me faz sofrer.
Quero mais verdade e mais bom senso por parte dos outros. Não quero morno. Quero quente ou frio. Verdadeiro ou falso. Realidade ou ilusão.
Quero palavras curtas e grossas, mesmo que doloridas. Não quero mais ficar quebrando a cara. Quero acreditar nas pessoas e não ter que sentir que elas só fazem parte do cenário da minha vida.

domingo, 14 de agosto de 2011

Maktub - está escrito


Então foi como se o tempo parasse, e a Alma do Mundo surgisse com toda a força diante do rapaz. Quando ele olhou os seus olhos negros, os seus lábios indecisos entre um sorriso e o silêncio, compreendeu a parte mais importante e mais sábia da Linguagem que o mundo falava, e que todas as pessoas da terra eram capazes de escutar nos seus corações. E isso era chamado Amor, uma coisa mais antiga que os homens e que o próprio deserto, e que, no entanto, ressurgia sempre com a mesma força onde quer que dois pares de olhos se cruzassem como se cruzaram aqueles dois pares de olhos diante de um poço. Os lábios finalmente resolveram dar um sorriso, e aquilo era um sinal, o sinal que ele esperou sem saber durante tanto tempo na sua vida, que tinha buscado nas ovelhas e nos livros, nos cristais e no silêncio do deserto.

Ali estava a pura linguagem do mundo, sem explicações, porque o Universo não precisava de explicações para continuar o seu caminho no espaço sem fim. Tudo o que o rapaz entendia naquele momento era que estava diante da mulher da sua vida e, sem nenhuma necessidade de palavras, ela devia saber disso também. Tinha mais certeza disso do que qualquer coisa no mundo, mesmo que seus pais, e os pais de seus pais dissessem que era preciso namorar, noivar, conhecer a pessoa e ter dinheiro antes de casar. Quem dizia isso talvez nunca tivesse conhecido a Linguagem Universal, porque quando se mergulha nela é fácil entender que existe sempre no mundo uma pessoa que espera a outra, seja no meio de um deserto ou no meio das grandes cidades. E quando estas pessoas se cruzam, e os seus olhos se encontram, todo o passado e todo o futuro perdem qualquer importância, e só existe aquele momento, e aquela certeza incrível de que todas as coisas debaixo do Sol foram escritas pela mesma Mão. A Mão que desperta o Amor, e que fez uma alma gémea para cada pessoa que trabalha, descansa e busca os tesouros debaixo do Sol. Porque sem isto não haveria qualquer sentido para os sonhos da raça humana.
"Maktub", pensou o rapaz.

O Alquimista - Paulo Coelho (pgs 75 e 76)

Feliz dia dos pais? Talvez


Eu te amo pai. E de fato, tem alguma coisa que me prende demais a você. Queria conseguir voltar no tempo. Reviver todos os momentos maravilhosos que passamos juntos. Momentos onde o amor estava escancarado dentro dos olhos de cada um. Momentos em que, apenas segurando a sua mão podia sentir toda a proteção de um pai. Realmente, muita coisa mudou daqui pra cá. Você já não vive junto comigo e não nos vemos com muita frequência. Não tenho mais o apego de antes e não corro mais pro seus braços quando temo alguma coisa. Mas eu aindo sinto o laço que nos prende. Me tornei um pouco seca com essa nossa relação. Talvez seja a nossa convivência, que já não é diaria e já não é mais como antes. Talvez seja eu mesma, crescendo e deixando de lado a fantasia de garotinha do papai. Talvez seja você, que tenha deixado a fantasia de pai super protetor. Mas isso não importa. Eu adoro todos os personagens e as fantasias que vestimos esse tempo todo. Todas as máscaras com um buraco que dava visão para nosso riso verdadeiro. E principalmente, amo saber que ainda sou sua filha, e que apesar de tudo, isso não vai mudar. Se o passado não vai mais voltar e se as coisas não podem ser melhores daqui pra frente, que possam continuar sendo como estão. Saudades.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Nós vivemos e aprendemos a dar um passo de cada vez.



Apresse-se e espere
Tão perto, mas tão longe
Tudo o que você sempre sonhou
Perto o suficiente pra você provar
Mas você não consegue tocar

Você quer mostrar para o mundo, mas ninguém sabe o seu
nome ainda
Você imagina quando, onde e como você vai fazer
acontecer
Você sabe que pode, se você tiver a chance
Na sua cara, parece que as portas estão batendo
Agora você está se sentindo mais e mais frustrado
E você está ficando muito impaciente
Esperando...

Nós vivemos e aprendemos a dar um passo de cada vez
Não precisa se apressar
É como aprender a voar, ou se apaixonar
Vai acontecer quando tiver que acontecer
Aí nós descobrimos por que
Um passo de cada vez

Você acredita, e você duvida
Você está confuso, você tem tudo decidido
Tudo aquilo que você sempre desejou
Poderia ser seu, deveria ser seu, será seu
Se ao menos eles soubessem

Quando você não pode esperar mais
Mas não há um final à vista
(Quando você precisa encontrar a força)
É a fé que te faz mais forte
O único jeito de chegarmos lá
É dando um passo de cada vez...

Dê um passo de cada vez
Não precisa se apressar
É como aprender a voar, ou se apaixonar
Vai acontecer quando tiver que acontecer
Aí nós descobrimos por que
Um passo de cada vez
.

Jordin Sparks - One Step At a Time

Coragem as vezes é desapego. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais.


E eu vou vivendo e vendo os dias passarem lentamente. Tentando me enganar e fingir que daqui a algum tempo tudo vai permanecer igual. Tentando não lembrar que em breve um sopro violento vai levar de mim tudo o que eu possuo em minhas mãos. Meus momentos, meus "amigos eternos", minhas lembranças e as páginas que escrevi. De uma certa forma, tudo vai permanecer dentro de mim e vir a tona quando eu quiser. Mas dói. Dói saber que tudo fatalmente vai ser diferente daqui a algum tempo. Dói saber que os laços que construi estão sujeitos a se romper em qualquer momento. Cada pulo que dou no futuro para tentar presumir o que irá acontecer me faz ficar desesperada. Quando tento olhar pra frente não consigo imaginar as coisas de outra forma, por mais que eu tente. Ainda estou acomodada e muito apegada em tudo o que aconteceu e ainda vem acontecendo. Mudanças são tão normais e são necessárias de vez em sempre. Mas acho que ainda não me acostumei com essa ideia de mudança radical nas entrelinhas da minha vida. Preciso entender de uma vez por todas que vou ser obrigada a recomeçar, que vou sofrer da dor do desapego, que as lembranças serão perturbadoras dentro da minha cabeça, mas eu vou precisar aguentar. Eu me considero uma pessoa corajosa, mas tenho meus momentos de covardia, confesso. Agora estou sentindo insegurança, e sentindo falta de uma coisa que ainda possuo. Estou me aproximando daquela cruzadilha em que é preciso decidir pra que lado vou seguir. Queria ter um pouco mais de força. Queria me libertar de tudo com mais facilidade. As vezes, eu queria apagar tudo e começar de novo pra não ter que carregar comigo a dor da saudade.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A Fita Métrica do Amor


Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade. Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto. Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês. Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

(Martha Medeiros)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quando bate a saudade eu fecho os olhos e sinto você chegar. Quero acordar amanhã ao teu lado, no teu peito aconchegado, é tudo o que eu quero pra mim


Eu me pego pensando em como as coisas são tão mais fáceis quando você está aqui. Tudo o que eu sempre sonhei em sentir, sinto quando estou do seu lado. O coração acelerando quando espero sua chegada, a proteção do seu abraço que parece asfastar de mim tudo o que me faz mal, seu sorriso que me traz paz. Isso parece tão clichê e tão banal. Esse amor que eu expresso nessas palavras que parecem se desprender e sair voando pelo vento. Mas tudo isso é a realidade de um sentimento que passou a morar dentro de mim sem pedir permissão pra entrar e sem ter a mínima vontade de ir embora. E eu gosto disso. Os dias voam e as horas desaparecem quando estou do seu lado. Cada momento é intimamente precioso e me faz perceber o quanto tirei a sorte grande de ter encontrado um alguém assim como você. Mas quando falo da distância que separa nossos corpos sinto desespero. Cada despedida é uma tortura pra mim. Quando olho nos seus olhos e percebo que eles não estarão diante de mim nos próximos dias uma mão gigante vem e aperta meu coração com todas as forças. E aí sou obrigada a te dizer adeus e te deixar ir embora. Tudo assim, tão depressa. Vou vivendo os dias e riscando o calendário pra descobrir quando vamos estar perto de novo. E quando você não está as coisas parecem tão sem graça. Meu sorriso não sai com a mesma verdade como quando você está comigo. Meus olhos perdem o brilho e a felicidade fica muito mais distante. Todo esse discurso romântico parece ser familiar. Pode ser lido em qualquer frase feita ou em qualquer declaração de amor. Mas escrever isso e colocar pra fora meu sentimento e a saudade que sinto me faz sentir melhor de uma certa maneira. E agora, só quero acreditar que um dia eu não precise mais ficar assim tão incompleta com a sua ausência. Acreditar num futuro perfeito ao seu lado. Quero acreditar que um dia as coisas serão mais simples pra nós, que não só nosso coração, mas nossos corpos vão permanecer junto pra sempre.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Não consigo viver sem deixar transparecer quem sou. Não consigo não falar da dor. Não sei viver sem escrever, amor.


Cá estava eu pensando com meus botões.
Eu já percebi que não adianta sortear um assunto e sair escrevendo sobre ele, a não ser que ele não seja sobre sentimentos, pois para falar de sentimentos é preciso, antes de tudo, vive-lo. Eu não gosto de falar sobre política, esportes, meio ambiente (isso é crucial hoje em dia, mas eu ainda prefiro falar das coisas que se passam dentro de mim).
Escrever não é só passar as letras da caneta para o papel. Para escrever eu acredito que é preciso toda uma preparação interior, para que tudo que estiver sendo escrito saia da maneira mais real possível, do jeitinho que se passa dentro do coração de quem está escrevendo.
Desde pequena eu gosto de escrever. Tinha meus diários e minhas agendas, e anotava neles desde compromissos bobos até meus segredos mais profundos. Além disso, lia muitos livros (com mais frequência do que hoje) e me imaginava dentro das histórias. Acho que isso tem me incentivado todo esse tempo a escrever.
Eu não sou tão boa para falar quanto para escrever. Não que eu não saiba falar ou fale errado, é que quando estou escrevendo as palavras parecem brotar dentro da minha cabeça - coisa que não acontece com a mesma intensidade quando estou falando. Eu fico um pouco perdida, confesso, pois para redigir é necessário saber organizar todo o conceito de uma maneira que não confunda quem está lendo, e de uma forma que consiga atrair e tocar o coração do leitor.
Como já disse, quando eu escrevo, surge um turbilhão de ideias que ficam aflitas para serem passadas adiante, num desabafo ou numa crítica. É como se um novo mundo de abrisse diante de mim e eu pudesse enxergar muito mais além do mundo em que vivo. Falar de sentimentos então? Isso me faz tirar os pés do chão e voar, me sentir leve e sentir-me como se estivesse entrando no meu coração e no coração de quem lê e colocando tudo o que está lá dentro pra fora.
No final de tudo, escrever pra mim significa muito. Percebo que quando faço isso, fico meio que num estado de graça, numa boa sintonia e tudo de uma certa forma fica melhor, quando eu escrevo.



Mas o tempo vai passando e a gente vai aprendendo, Tropeçando, caindo, se levantando, correndo.


Esperar sempre foi muito difícil pra mim. Não consigo esperar atitudes, palavras, respostas de alguém. Sempre resolvi meus problemas tomando iniciativa, mas chega uma hora que isso não é mais possível. As mãos ficam atadas, a boca fica seca e a mente vazia. Eu fico parada num ponto do caminho e não consigo mais seguir em frente. E aí fica aquela sensação de que tem algo faltando. Algo que sempre esteve dentro de mim e agora está inalcançável. Começo a imaginar todas as possibilidades e todas as voltas que a vida dá, torço pra que numa dessas voltas ela me leve junto e dê uma sacudida no tapete da minha alma. Eu queria fazer as coisas do meu jeito pra que tudo pudesse se resolver mais rápido, mas é uma luta em vão. É como se existisse um muro entre eu e a decisão, impedindo um de encontrar o outro. Eu sinto que tudo está fugindo do meu controle, todas as alternativas estão escapando entre os meus dedos e o que me resta é esperar. Esperar por algo que talvez nunca chegue, por uma palavra que talvez nunca seja pronunciada, por uma atitude que talvez, nunca seja tomada. Ao mesmo tempo imagino que o acaso está se encarregando disso tudo. De me livrar ou de me proteger do que agora, vai passar a ser desconhecido pra mim. De qualquer forma, estarei aqui pensando em tudo o que vem acontecendo. Estarei esperando um desfecho pra essa história, que sinceramente, tem me deixado cansada. Fico aqui vendo o tempo passar e tentando tirar uma aprendizagem disso tudo, algo que vai me deixar mais forte e mais preparada pro futuro. Uma lição, uma cicatriz ou até uma lágrima. Algo que com certeza, vai me fazer uma pessoa mais sólida, mais valente. Que vai fazer com que eu recomece, pois eu caio, mas sempre, sempre me levanto.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Os ventos que as vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar.


Por que é tão difícil fazer as coisas sairem como nós planejamos? Eu sou muito sonhadora e sentimental, assumo. Sinto falta das pessoas que já me disseram "eu te amo" e hoje não me dizem nem "oi". Eu detesto brigar com alguém e detesto mais ainda estar certa e não ouvir um pedido de desculpas. Isso porque, eu sempre reconheço quando estou errada, baixo a guarda e peço perdão. Sou assim desde sempre. Não é fácil descer do salto e assumir o erro, mas é totalmente necessário para uma boa relação com qualquer pessoa. Mas, e quando isso não acontece? Eu fico frustrada e decepcionada. Achando que a culpa é minha, mas no fundo sei que não é. Aí tento ter um pouco mais de amor próprio e seguir a vida da melhor maneira possível, pensando nas milhares de hipóteses e nos muitos caminhos que a história pode seguir. Acontece. Muito dos meus planos não saem como eu quero. É como uma tempestade repentina num dia de sol. É como você acordar mas haver algo que te impede de enxergar a luz. Tudo está bem e de repente, acontece alguma coisa que vem pra te mostrar com clareza e transparência a realidade dos fatos. Então eu preciso me decidir se vou deixar a vida me pregar uma peça, ou se vou olhar por cima dos óculos e enxergar as coisas de um ponto de vista diferente, como algo passageiro, como algo que já cumpriu o que devia em algum capítulo da minha vida. Eu realmente prefiro acreditar que há algo melhor guardado pra mim. Eu escolho crer que o que foi tirado de mim é pouca coisa comparado com o que ainda está por vir.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Medo do Amor


Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê. O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade. E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro. Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos. Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.

[Martha Medeiros]

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Trilhando

Os dias passam rápido assim como os segundos. Estou me aproximando de algo que não sei explicar.. algo que está guardado pra mim. Um futuro incerto. Sou muito insegura em relação aos dias, meses e anos que estão por vir. Tenho medo de perder as pessoas, tenho medo de tomar atitudes erradas e temo as circunstâncias de vida. Mas tenho muito mais medo de ficar parada, isso é certo. A única certeza que possuo é que quero correr atrás das minhas decisões. Minha cabeça está muito confusa e vejo as escolhas se embralhando na minha frente. Não quero fracassar e sinto desespero de pensar nessa possibilidade. Queria dar um pulinho no futuro para descobrir como as coisas vão estar e o que eu fiz para chegar até lá. Deito a cabeça no travesseiro e minha mente passeia pelo mundo. Tenho vontade de sair daqui, ir embora e deixar apenas Deus cuidar de mim. Ao mesmo tempo, me sinto pequena e frágil. Não quero apanhar de vida e não quero abrir os olhos para uma realidade que talvez não seja do jeito que eu imagino. O presente não está tão ruim. Embora ele, ás vezes, me dê um tapa na cara e me jogue um balde de água fria para acordar, sinto que estou indo pelo caminho certo. Sinto que a insegurança no meu coração é algo normal, mesmo que um pouco desagradável. Sei que só eu posso responder pelos meus atos, e somente eu posso traçar o destino a seguir. Tudo é uma mistura de sentimentos que não me levam a lugar nenhum. Por mais estranhas que sejam essas sensações, sinto que está chegando um novo tempo. Um tempo de decisões. Dias que temo, mas que preciso enfrentar. Novas perspectivas, novos desafios, uma escada para subir degrau por degrau, dia a dia. Então eu para pra refletir e tenho a ideia de que a vida é um eterno misto de loucura, escolhas e aprendizagem, e eu sou apenas uma novata.