sábado, 31 de dezembro de 2011

Renovação


A gente vive, chora, se emociona, faz planos, realiza ou não nossos sonhos. A gente vibra, comemora, espera, se decepciona, abraça. A gente vê os dias passando um a um, e quando nos damos conta, um novo ano está chegando por aí.

Fim de ano é sempre a mesma coisa. Festa, viagens e promessas de um ano melhor. Todos esperam que o ano seja melhor, mas e as pessoas? Elas são melhores? A frase virou clichê nesse fim de ano, mas é ela quem perfeitamente descreve esse pensamento. "Jamais haverá ano novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos." Essa é a mais pura verdade. Não adianta fazer pedidos aos mais diferentes santos para ganhar um amor ou ganhar dinheiro, se continuarmos egoístas e mesquinhos. O fato é que, tudo aquilo que dermos, vai nos retornar em dobro. Então, vale a pena lembrar: não faça milhões de pedidos pra vida ser melhor com você. Seja melhor com a vida, e ela vai te retribuir.

É muito importante fechar a caixa de 2011 e abrir a de 2012 para começar a guardas os novos acontecimentos. Viver de passado é um erro, mas ainda assim, dê uma espiadinha na caixa de 2011 para sentir o gosto doce das lembranças novamente. As recordações são de extrema importância para nós, mesmo que as vezes amargas, elas vão nos ajudar a fazer tudo diferente no ano que se inicia. Isso se chama "aprender com as experiências".


Viva plenamente. A vida é o maior presente que possuímos. Portanto, não tenhamos medo de errar, de chorar ou de sofrer. Tudo faz parte de uma coisa só, e quando caímos DEVEMOS aprender a nos levantar. Enxergar a felicidade nas pequenas coisas também é um dom de poucos, então, sorria quando o sol estiver brilhando ou quando receber um sms de alguém que goste. E na virada do ano, quando pedir "paz, amor, dinheiro e saúde" não se esqueça de que Deus está ouvindo e vai querer que você faça por merecer. O segredo de um "ano novo" não é ter mais 365 dias para viver, mas é ter 365 para fazer tudo diferente.

Feliz ano novo.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Nova Volta

Depois de mais um tempo voltei aqui no blog.

Pouca gente sabe mas estou passando por alguns momentos difíceis. Talvez essa seja a causa do afastamento. Sei lá, mesmo querendo não consigo encontrar palavras pra descrever certas situações em que vivo. Escrever sempre foi muito bom e confortante pra mim, mas de uns tempos pra cá não tenho tido tanto vigor e nem mesmo ideias pra escrever. Parece que do nada, surge uma nuvem escura e leva embora todos os meus pensamentos, deixando apenas um vazio ao meu redor.

Eu estou realmente muito agoniada, e esperando respostas pra muitas perguntas que a vida deixou pra mim. Essas respostas tem demorado a chegar, e isso está me matando. Eu, como sempre, sofro por antecedência e por mais que eu tente ser otimista, uma coisa ruim vem de vez em quando e me envolve, me deixando ainda mais aflita e buscando de novo as tais respostas. Tenho medo de perder o que hoje é essencial pra mim. E não sei se vou conseguir lidar com tamanha perca.

Apesar das doces surpresas que também apareceram, eu ainda estou insegura e preciso de um tempo pra colocar a cabeça no lugar. Conheci um lado meu que até então, não conhecia. Estou orando todos os dias, várias vezes por dia, pedindo força e confiança a Deus. Pedindo positividade, e principalmente, pedindo conforto pro meu coração. Eu quero e espero que as coisas possam se resolver facilmente, e que todos os males permaneçam longe de mim.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Interior

É engraçada essa rapidez com que as coisas mudam dentro de mim. Eu fico sempre me analisando e vendo se eu faço as coisas corretas, mas no fundo eu procuro fazer somente aquilo que me acrescenta. Eu sempre tento deixar minha cara a mostra, pra quem quiser ver minhas verdades e meus fracassos, e quando forem me julgar, julguem por uma coisa que eu realmente sou e aparento ser. Não me importo de cair porque aprendi a levantar, e tenho aprendido a cada dia a ter força pra continuar de pé em meio as tempestades.

A minha máscara não tem um fundo falso. Ela é verdadeira e eu só a coloco pro meu rosto ter um brilho especial, um brilho de quem só veio pra se divertir. Todos os dias olho no espelho da minha alma e tento enxergar algo de bom em mim, algo que me faça ou fez especial pra alguém e - sinceramente - eu sempre encontro. E embora meu coração fique ferido algumas vezes, as batalhas que eu enfrento tem me feito conseguir conserta-lo a cada dor. Eu não me apego as lembranças, mas guardo-as num baú bem escuro e fechado, e revivo cada uma delas quando tenho vontade ou quanto tenho saudade.


Encontro em mim mesma a minha paz. Abraço tudo aquilo que me faz perder os sentidos ou me faz sentir pulsar o coração. Não preciso de nenhum modelo ou de alguém pra fazer média. Busco o melhor de mim e busco me superar em cada gesto, em cada palavra e toda a vez que arranco um sorriso de alguém me sinto mais viva e sinto transbordar a verdade que há dentro de mim.

sábado, 26 de novembro de 2011

Caio Fernando Abreu

(...)Pois uma história jamais fica suspensa: ela se consuma no que se interrompe, ela é cheia de pontos finais internos, o que a gente imagina que poderia ser talvez uma continuação às vezes não passa de um novo capítulo, eventualmente conservando as mesmas personagens do anterior, mas seguindo uma ordem cujas regras nos são ilusoriamente às vezes familiares? ou inteiramente aleatórias? Isso eu não sei, mas a verdade é que chega-se sempre longe demais quando não se quer Ir Direto Aos Fatos, e o problema de Ir Direto Aos Fatos é que não há cir-cun-ló-quios então, e a maioria das vezes a graça reside justamente nesses Vazios Volteios Virtuosos, digamos assim: que não haja beleza nos fatos desde que se vá direto a eles? ou que não exista mistério, que seja insuportavelmente dispensável gostar dos tais circunlóquios(...)

Enquanto o sono não vem


Noite passada eu fiquei deitada na cama, ouvindo músicas melancólicas, como sempre fazendo um balanço dos meus sentimentos, pensando em todas as coisas que vem acontecendo, até nas que não vem acontececendo e me dei conta de que muita coisa já não faz mais sentido pra mim. Eu permaneci de pé esse tempo todo olhando por cima das lentes o comportamento das pessoas e em algumas em especial consegui enxergar a realidade estampada na cara, com tinta fluorescente e piscando como luzes de natal.

Eu tenho implicado com tudo ultimamente, confesso que nada está me agradando e que tenho preferido ficar sozinha, mas no fundo existe um motivo pra isso: as coisas não se encaixam mais. É como um quebra-cabeça que eu tenho há muito tempo. As peças tinham o tamanho perfeito e quando eu o montava, ele ficava impecável, com as peças completando umas as outras. É fato que ele sempre foi meu passatempo preferido, mas venho percebendo que suas partes estão diferentes, e que não vale mais a pena ficar forçando pra que se encaixem.

E enquanto abraçava o travesseiro, todas as lembranças vieram a tona. Tanta coisa mudou tão depressa, sem tempo de dizer adeus e de dizer o quão importante elas eram ou são, talvez. Como um furacão, o destino passou e arrasou tudo sem piedade, deixando essa bagunça no meu coração, deixando esse buraco que antes era ocupado pelo amor e pela amizade, mas que agora dá lugar a saudade e a mágoa.

Porém, não culpo o destino por ter causado toda essa confusão. Acho que chegou a hora de aprender a lidar com essas circunstâncias, esquecer tudo o que foi dito e vivido e abrir espaço pra novas coisas, novas pessoas, novas recordações. Sou mesmo muito apegada e tudo e odeio quando ocorrem inconstâncias como essas, mas percorrendo esse caminho sei que ganharei mais força, e aprenderei a ficar de pé sem cair com tanta facilidade. Sei que vou aprender a construir as minhas conquistas num lugar seguro, onde decepção nenhuma possa me alcançar ou me fazer chorar. Tento ser otimista, enxergar de maneira diferente essas despedidas, essa angústia. Espero conseguir tirar algo de bom de tudo isso, e no futuro ser melhor e mais forte pra suportar essa maré de incerteza. Continuo pensando e procurando uma solução, enquanto o sono não vem.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Confie sempre

Não percas a tua fé entre as sombras do mundo. Ainda que os teus pés estejam sangrando, segue para a frente, erguendo-a por luz celeste, acima de ti mesmo. Crê e trabalha. Esforça-te no bem e espera com paciência. Tudo passa e tudo se renova na terra, mas o que vem do céu permanecerá. De todos os infelizes os mais desditosos são os que perderam a confiança em Deus e em si mesmo, porque o maior infortúnio é sofrer a privação Da fé e prosseguir vivendo. Eleva, pois, o teu olhar e caminha. Luta e serve. Aprende e adianta-te. Brilha a alvorada além da noite. Hoje, é possível que a tempestade te amarfanhe o coração e te atormente o ideal, aguilhoando-te com a aflição ou ameaçando-te com a morte. Não te esqueças, porém, de que amanhã será outro dia.

[Chico Xavier]

O sonho de uma flauta

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte - mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza."

[Caio Fernando Abreu]

domingo, 20 de novembro de 2011

O que o coração não diz


Doeu. Cada despedida, cada beijo e cada último abraço doeram. Te olhar pela janela e ver seus passos se distanciando de mim doeu demais. E ainda dói. Inexplicavelmente, não aprendo a superar essa dor que vem se alojar no meu coração e não vai embora, nunca vai embora. Só dá uma trégua quando você aparece pra me fazer sorrir. Acho que a dor se distrai um pouco. Mas é só você virar as costas que ela vem de novo, mais forte do que antes. Cada vez mais forte, e cada vez machucando mais. Todos os dias tento achar em meio ao meu choro silencioso palavras pra te dizer, pra talvez amenizar esse sentimento. Mas tudo parece ser em vão, já que a minha ferida só aumenta com sua ausência, e o único remédio é te ter comigo. Mesmo quando pareço estar feliz, lá no fundo a dorzinha incomoda demais e me faz querer, de uma maneira impossível, te abraçar e nunca mais te deixar ir embora. Olho nossa foto e sinto vontade de voltar no tempo, escuto qualquer música e me sinto falando diretamente contigo. Quando fecho os olhos sinto sua presença e busco uma maneira de reviver você, nós. A saudade é muito grande e quando penso não haver mais espaço no meu coração, ela sempre acha um cantinho pra morar. E mora há muito tempo. Talvez a saída mais sensata é olhar esse espaço em branco e escrever, sabendo que você vai ler, mas ao mesmo tempo sabendo que essas palavras não conseguem expressar nem metade do que sinto. Sabendo que o que eu digo pode tocar seu coração, mas nunca vai dizer exatamente o que o meu fala. E sofre. E espera um dia estar do seu lado pra sempre.

sábado, 12 de novembro de 2011

"Não deixe portas entreabertas. Escancare-as ou bata-as de vez. Pelos vãos, brechas e fendas passam apenas semiventos, meias verdades e muita insensatez."


"Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço."

[Caio F. Abreu]

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Perdoando Deus

"Talvez eu me ache delicada demais apenas porque não cometi os meus crimes. Só porque contive os meus crimes, eu me acho de amor inocente. Talvez eu não possa olhar o rato enquanto não olhar sem lividez esta minha alma que é apenas contida. Talvez eu tenha que chamar de "mundo" esse meu modo de ser um pouco de tudo. Como posso amar a grandeza do mundo se não posso amar o tamanho de minha natureza? Enquanto eu imaginar que "Deus" é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus. Eu, que jamais me habituarei a mim, estava querendo que o mundo não me escadalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, pois sou tão mais inexorável do que eu, eu estava querendo me compensar de mim mesma com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará. Enquanto eu inventar Deus, Ele não existe."

[Clarice Lispector]

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Para todas as coisas

Para seduzir, olhar
Para divertir, bobagem
Para o carro, devagar
Mas para enfrentar, coragem

Para acreditar, mentira
Para discutir, opinião
Para levantar, sol
Mas para dormir, colchão

Para entender, conflito
Para se ganhar, amigo
Para deletar, mensagem
Para o verão, viagem

Para fofocar, revista
Para distrair, TV
Para uma dieta, açúcar
E para amar, você

Para encontrar, vontade
Para atravessar, a ponte
Para desejar, sorte
E para ouvir, Marisa

Para Capitu, Machado
Para uma mulher, Clarice
Para Guimarães, Brasil
Na terceira margem do rio

Para o secador, molhado
Para o colar, anel
Para o batom, um beijo
Sempre muito apaixonado

Para se pintar, espelho
Para se perder, aposta
Para dividir, segredo
Para namorar, se gosta

Para um biscoito, avó
Para comprar, essencial
Para todas as coisas, nó
E para terminar, final

[Ana Cañas]

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Amor, incerteza e coragem


Chegou uma hora em que abri meus olhos e vi que nada mais estava como antes. Deus! Foram tantas mudanças. Tanta coisa ficou pra trás e acho que você nem se lembra mais. Na verdade, nem eu estou me lembrando mais, pois estou tendo que acostumar com essas mudanças e de alguma forma tenho recordado cada vez menos de como as coisas eram, de como você era, de como nós eramos. Sempre foi e continua sendo cada vez mais difícil superar todos os obstáculos que estão entre nós. Com tudo o que vem acontecendo, nossos medos e inseguranças vêm a tona sem o mínimo pudor e escancarados pra quem quiser ver. As palavras se confundem dentro da cabeça e qualquer coisa dita se torna um motivo pra doer mais, pra fazer nosso sentimento vir a prova. Meu amor ainda é o mesmo, claro, com muitas cicatrizes e mágoas, mas ainda é o mesmo. E honestamente espero que o seu seja também. A saudade ainda atormenta lentamente fazendo sentir o vazio de não ter um abraço, um carinho e um consolo quando me sinto sozinha ou quando quero. Ouvir a sua voz ainda alivia mas não cura. Nada nunca cura, a não ser sua presença de corpo e de alma junto a mim. Não me peça pra responder a razão disso, pois meu coração está perturbado com a possibilidade de tudo isso acabar um dia. Não sei se existe "eu" sem "você". Não sei se meu sorriso vai permanecer, se eu serei a mesma ou se eu serei alguém. Não sei se as coisas vão ter o mesmo sentido ou a mesma magia. Na verdade eu sei pouca coisa. Meus olhos aflitos tentam procurar uma solução pra tudo a todo momento. Todas as promessas se tornaram uma incógnita, algo que pode ser levado com o simples sopro do vento. Fico apenas sozinha pensando e rezando pra que tudo volte a ser como antes e pra que nosso sentimento não mude nem um centímetro, nem por um segundo. Não queria parecer frágil e nem fraca, mas acho que agora estou. Quero realmente continuar caminhando do seu lado e encontrar depressa a uma solução e um ponto final pra isso. Eu acredito num final feliz, numa história onde mesmo com a dor seja possível tirar algo de bom. Sei que juntos vamos lutar até o fim, e a única certeza que tenho agora é de que estou disposta a fazer o que for preciso pra salvar o que ironicamente não perdemos ainda: nosso amor.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

É melhor você ir pegar sua armadura


Ela fazia isso todas as vezes. E de novo apareceu machucada pela indiferença que recebia constantemente daqueles que estavam ao seu redor. Tudo tinha realmente perdido o sentido e a única coisa que importava era conseguir sair respirando daquela batalha. Haviam sido atiradas tantas granadas em cima dela que uma vez ou outra ela chegava a pensar em desistir. Desistir de tudo, perder de vez a fé nas pessoas. Perder a fé em tudo aquilo que um dia ela já havia acreditado. Seu corpo já exausto de tantas decepções tentava achar um único motivo pra permanecer de pé e caminhando, pois toda sua esperança já havia sido usurpada. Ela não queria crer que tudo aquilo estava acontecendo. O que um dia tinha sido sua fortaleza, hoje ficava cada vez mais esquecido com o passar dos dias. Custava a aceitar lutar contra seus próprios amores, seus próprios amigos. Custava ainda mais a aceitar lutar consigo mesma, pois deveria depois da batalha tomar uma nova postura, e aprender a amar somente aquilo que a fazia bem. Ficava confusa entre as lágrimas e leves risos que surgiam uma vez ou outra para faze-la esquecer de toda aquela mágoa. Já havia lutado em muitas guerras, mas nenhuma tinha sido tão duradoura e torturante quanto a última que sobreviveu. Sobreviveu. Apesar as muitas cicatrizes que carregava consigo, ela sobreviveu. E está aqui pra quem quiser ver. Está em pé, está forte e sorrindo, mesmo que as vezes seja pra disfarçar a lágrima que insiste em amargar seus lábios.

Reticências


Houve um tempo em que eu acreditava em tudo e em todos. Um tempo em que o riso das pessoas era verdadeiro, e saía facilmente. Os bons momentos e os amigos não eram esquecidos tão depressa, e o amor não acabava com o passar dos anos, e nem acabava com a distância, afinal, alguém disse que a distância não é empecilho pra amar, e houve um tempo em que realmente não era. Naquele tempo tudo era mais simples, tudo era real e incabável, e eu acreditava que ninguém jamais me abandonaria. Eu acreditava em todos os abraços e nas palavras que vinham leves e carregadas de ternura. Eu conseguia facilmente olhar pra dentro das pessoas e saber o que elas sentiam, o que queriam dizer, sem segredos, sem mistérios. Houve um tempo em que eu pude confiar de olhos fechados e de mãos atadas, uma época em que ninguém me dava as costas e não usavam as minhas palavras contra mim. As coisas eram tão mais diferentes. Não existia esse sentimento vulnerável que se dilui por qualquer coisa. Não existia a palavra saudade, porque não dava tempo de senti-la - a matavamos antes que ela pensasse em aparecer. Houve um tempo em que o amor nunca acabava, quanto mais se dava, mais se tinha, e uma vez que o "te amo" fosse dito, ele ecoaria por toda a eternidade. Houve um tempo em que os momentos especiais eram preciosos, e eram guardados antes de tudo na memória de cada um pra que jamais escapassem ou sumissem por aí. Eu esperava todos os dias que os meus amigos viessem dizer que se importavam e lembravam de mim, e que eu tinha algum valor pra eles. Eu preservava cada segundo junto das pessoas que eu amava, não deixava nada nem ninguém me fazer mudar e principalmente me fazer esquecer do que era importante pra mim. Houve um tempo em que cada detalhe importava e jamais os dias, meses e anos apagavam o que realmente tinha vindo pra ficar. Eu poderia chorar e sofrer que sempre alguém viria me consolar e me dizer que estava tudo bem, que tudo ia passar. Alguém sempre estaria de braços abertos pra me acolher, pra me ouvir ou pra me dizer alguma coisa que me fizesse rir. Tudo era tão diferente. Eu colocava a minha mão no fogo por certas pessoas, eu dava minha cara a tapa, eu corria riscos. Hoje nada me resta, apenas o choro silencioso que chega de repente e demora pra ir embora. Só restaram as cinzas e as fotografias de tudo o que eu vivi e agora não passa de uma distante lembrança. Só restaram as reticências que estão prolongando-se nas páginas sujas e velhas desse livro incabado.

domingo, 30 de outubro de 2011

Solidão ou decepção


Não importa o quanto eu possa sofrer, chorar ou tentar chamar a atenção. As pessoas só vão mudar se a vontade partir delas mesmas. Hoje percebi que tudo o que foi falado, e demonstrado não valeu de nada e, principalmente, que sofrer e esperar por algo que não vem é como esperar a chuva em tempos de seca. Inútil e decepcionante. Cada vez mais enxergo quanto as pessoas são mesquinhas e egoístas, o quanto só pensam em seu próprio bem e em sua própria popularidade.
Há tanto tempo venho tentando melhorar, dar tudo de mim para agradar os outros e num gesto tolo, venho colocando as pessoas em primeiro plano na minha vida. E agora a vida está me ensinando que isso não faz sentido, já que a maioria dos "amigos" só lembram de mim quando precisam de alguma coisa, ou só conversam comigo quando por trás tem algo que os convém. Tenho estado tão preocupada com o bem estar dos outros, e a cada vez que olho pra mim mesma vejo por fora um sorriso mas por dentro um coração que sofre, que espera mais das pessoas. As coisas parecem tão mais fáceis quando fico sozinha e quando por um momento esqueço de todo mundo. Álias, ficar sozinha tem sido um alívio imenso pra mim, pois assim não preciso encarar tantas máscaras caindo ao mesmo tempo. Ouvir, falar e saber como estão as pessoas que eu amo foi sempre importante pra mim, mas agora minha mente me pede um pouco mais de frieza. Na verdade, vou começar a pensar duas vezes antes de manter qualquer contato com alguém, pois esse alguém com certeza nunca quis saber por onde eu andei, o que eu tenho feito ou como está a minha vida. Me parece tão simples e tão normal querer saber da vida de quem eu me importo. Minha vida já mudou tanto e eu nunca deixei de dar valor pras coisas que amo, muito pelo contrário, deixei sempre claro que apesar das mudanças, tais coisas nunca deixariam de ser essenciais pra mim. Mais uma vez carrego um aprendizado junto a um sofrimento. Ao mesmo tempo em que disfarço e finjo que nada está acontecendo, por dentro dói muito. Não é uma dor de desprezo ou de esquecimento. É uma dor de substituição. Ver que as coisas que um dia eu tanto amei podem se desprender e escapar tão fácil por entre os meus dedos. Todo o amor e confiança dados podem simplesmente desaparecer e parecer que nunca existiram. Acontece como se fosse uma escolha, um jogo: ou você fica sozinho pra sempre, ou arruma pessoas para compartilhar risos, lembranças e abraços, mas deve estar ciente de que tudo isso um dia vai chegar ao fim, e aquilo que hoje é tudo, amanhã passa a ser nada. O meu consolo é lembrar que isso vai passar, que cada lágrima é um aprendizado e que a vida é um tabuleiro de jogadas. Então, protejam seus corações, pois o jogo está longe de acabar.

domingo, 23 de outubro de 2011

.Dê mais às pessoas, MAIS do que elas esperam, e faça com alegria.
· Decore seu poema favorito.
· Não acredite em tudo que você ouve, gaste tudo o que você tem e durma tanto quanto você queira.
· Quando disser "Eu te amo" olhe as pessoas nos olhos.
· Fique noivo pelo menos seis meses antes de se casar.
· Acredite em amor à primeira vista.
· Nunca ria dos sonhos de outras pessoas.
· Ame profundamente e com paixão.
· Você pode se machucar, mas é a única forma de viver a vida completamente.
· Em desentendimento, brigue de forma justa, não use palavrões.
· Não julgue as pessoas pelo seus parentes.
· Fale devagar mas pense com rapidez.
· Quando alguém perguntar algo que você não quer responder, sorria e pergunte: "Porque você quer saber?".
· Lembre-se que grandes amores e grandes conquistas envolvem riscos.
· Ligue para sua mãe.
· Diga "saúde" quando alguém espirrar.
· Quando você se deu conta que cometeu um erro, tome as atitudes necessárias.
· Quando você perder, não perca a lição.
· Lembre-se dos três Rs: Respeito por si próprio, respeito ao próximo e responsabilidade pelas ações.
· Não deixe uma pequena disputa ferir uma grande amizade.
· Sorria ao atender o telefone, a pessoa que estiver chamando ouvirá isso em sua voz.
· Case com alguém que você goste de conversar. Ao envelhecerem suas aptidões de conversação serão tão importantes quanto qualquer outra.
· Passe mais tempo sozinho.
· Abra seus braços para as mudanças, mas não abra mão de seus valores.
· Lembre-se de que o silêncio, às vezes, é a melhor resposta.
· Leia mais livros e assista menos TV.
· Viva uma vida boa e honrada. Assim, quando você ficar mais velho e olhar para trás, você poderá aproveitá-la mais uma vez.
· Confie em Deus, mas tranque o carro.
· Uma atmosfera de amor em sua casa é muito importante. Faça tudo que puder para criar um lar tranquilo e com harmonia.
· Em desentendimento com entes queridos, enfoque a situação atual.
· Não fale do passado.
· Leia o que está nas entrelinhas.
· Reparta o seu conhecimento. É uma forma de alcançar a imortalidade.
· Seja gentil com o planeta.
· Reze. Há um poder incomensurável nisso.
· Nunca interrompa enquanto estiver sendo elogiado.
· Cuide da sua própria vida.
· Não confie em alguém que não fecha os olhos enquanto beija.
· Uma vez por ano, vá a algum lugar onde nunca esteve antes.
· Se você ganhar muito dinheiro, coloque-o a serviço de ajudar os outros, enquanto você for vivo. Esta é a maior satisfação de riqueza.
· Lembre-se que o melhor relacionamento é aquele em que o amor de um pelo outro é maior do que a necessidade de um pelo outro.
· Julgue seu sucesso pelas coisas que você teve que renunciar para conseguir.
· Lembre-se de que seu caráter é seu destino.
· Usufrua o amor e a culinária com abandono total.

[Dalai Lama]

domingo, 2 de outubro de 2011

Ensinamentos de Deus


Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Ás vezes usa o cansaço para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo
Para nos ensinar a andar sobre a água.
As vezes usa a terra para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida.

[Paulo Coelho]

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

É difícil saber a hora certa de dizer adeus as coisas. Há aqueles acontecimentos que valem por uma vida, e as lembranças me sufocam todos os dias. Existem pessoas que me marcaram de uma forma tão forte que passei a viver por elas também. Há memórias tão deliciosas, tão intensas e tão maravilhosas que nunca vão se desprender do meu coração, mesmo que eu lute.
Sempre é difícil dizer adeus. Seja a um acontecimento, a uma pessoa ou a uma memória, me apego tanto nos fatos que de repente me vejo incapaz de abandonar e começar tudo de novo. E aí revivo toda hora a passagem que certamente não vai voltar mais. Sofro e choro com medo do futuro, com a incerteza que insiste em permanecer. Fico com as mãos atadas, sem saber o que fazer ou a quem recorrer, pois tudo parece impossível de ser resolvido. Temo cada dia, e é angustiante ter que tomar qualquer decisão sozinha.
É. Cresci. E a partir desse momento, tudo se torna uma icógnita. O mundo parece rodar muito depressa e é complicado encarar tanta gente e tantos olhares em cima de mim. A plateia espera ver um espetáculo, mas não sei se as cortinas vão se fechar antes da hora, ou se vão continuar abertas por mais muito tempo.
É difícil saber a hora certa de dizer adeus as coisas. Tudo se torna cada vez mais confuso e a saudade não para de atormentar a cada segundo. Mas por um lado o sorriso aparece, porque sei também que vou me livrar de tudo o que não faz bem. Vou sacudir a poeira e abrir as janelas pra que novos ventos possam soprar dentro de mim.
O mundo vai girar incessantemente e me derrubar. As pessoas vão me ferir e me machucar. Tomarei decisões erradas e vou sofrer. Vou superar cada dia, cada degrau para alcançar os meus sonhos. A vida vai sempre ensinar algo de bom. Eu só acho que preciso saber a hora certa de dizer adeus as coisas.

domingo, 18 de setembro de 2011


Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.

Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

Mais uma Vez - Renato Russo

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Veni, vidi, vici


É difícil encontrar alguém que não tenha um sonho. Todos buscam alguma coisa nesse mundo. Uma realização, um objetivo, uma vitória. E sempre encontramos pessoas que tentam colocar pedras no caminho de quem luta pra realizar seus sonhos. De vez em quando tenho o azar de me deparar com uma delas e todo o tempo tentam me colocar pra baixo. Duvidam do meu potencial e me acham incapaz de concluir qualquer coisa. Na realidade, durante a vida sempre iremos encontrar pessoas assim. Geralmente elas são fracassadas naquilo que fazem e não almejam nada melhor para si mesmas. São tristes e melancólicas, ficam paradas vendo a vida passar sem ânimo nenhum para dar um passo sequer. O que dá força a elas é tentar desanimar os demais para que eles também não consigam nada. É duvidar, desacreditar e dizer que é perda de tempo correr atrás de algo que parece impossível. Mas não é. Não se buscarmos com fé o que desejamos dentro do coração. Não se tentarmos até o fim. Como já diz a frase "Tudo é possível ao que crê". É preciso agir para mudar o rumo da nossa história. Não basta querer, é necessário correr atrás, sofrer, lutar e fazer tudo valer a pena. Sempre é possível buscar outros caminhos, outras chances, outras tentativas. Nunca se deve deixar abater por ninguém nem por nada e, acreditar em si mesmo é essecial para conseguir o que se quer. Tenho coragem pra enfrentar dia a dia os desafios que estão por vir. Quando acordo repito pra mim mesma: eu vou vencer. Eu já venci - logo repetirei.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Quebrando a cara


Muitas vezes eu me sinto como se fosse invisível. As pessoas parecem me enxergar somente quando estou de corpo presente. Não se lembram de mim quando distantes e não pensam em mim numa hora que eu possa estar precisando.
Isso não é um texto de baixa auto estima e nem um argumento de coitadinho. Só é algo que estou cansada de carregar dentro do meu coração. Um fardo que pesa muito. Um fardo que cada dia mais tenho vontade de deixar pelo caminho.
O pior é que, quando estou começando a acreditar e ter um pouco mais de fé nas pessoas, elas vem e me fazem desmoronar de novo. Agem como se nada - só elas mesmas - fossem importantes.
Fico pensando se é um pouco de drama ou se é a realidade nua e crua diante de mim. Me apego nos mais ilusórios pensamentos. E desejo que a sinceridade tome as rédeas da situação.
Eu queria não ligar, queria ser seca e conseguir ignorar o que acontece. Queria fingir que estou bem, que sou forte e inabalável. Mas é impossível.
Eu sinto. Enquanto eles sorriem, eu choro. Enquanto eles festejam, eu fico pensando se sentem a minha falta.
Acho que preciso rever os meus conceitos. Jogar fora tudo o que me traz dor. Tudo o que não me faz bem. Tudo o que um dia, foi essencial, mas hoje me faz sofrer.
Quero mais verdade e mais bom senso por parte dos outros. Não quero morno. Quero quente ou frio. Verdadeiro ou falso. Realidade ou ilusão.
Quero palavras curtas e grossas, mesmo que doloridas. Não quero mais ficar quebrando a cara. Quero acreditar nas pessoas e não ter que sentir que elas só fazem parte do cenário da minha vida.

domingo, 14 de agosto de 2011

Maktub - está escrito


Então foi como se o tempo parasse, e a Alma do Mundo surgisse com toda a força diante do rapaz. Quando ele olhou os seus olhos negros, os seus lábios indecisos entre um sorriso e o silêncio, compreendeu a parte mais importante e mais sábia da Linguagem que o mundo falava, e que todas as pessoas da terra eram capazes de escutar nos seus corações. E isso era chamado Amor, uma coisa mais antiga que os homens e que o próprio deserto, e que, no entanto, ressurgia sempre com a mesma força onde quer que dois pares de olhos se cruzassem como se cruzaram aqueles dois pares de olhos diante de um poço. Os lábios finalmente resolveram dar um sorriso, e aquilo era um sinal, o sinal que ele esperou sem saber durante tanto tempo na sua vida, que tinha buscado nas ovelhas e nos livros, nos cristais e no silêncio do deserto.

Ali estava a pura linguagem do mundo, sem explicações, porque o Universo não precisava de explicações para continuar o seu caminho no espaço sem fim. Tudo o que o rapaz entendia naquele momento era que estava diante da mulher da sua vida e, sem nenhuma necessidade de palavras, ela devia saber disso também. Tinha mais certeza disso do que qualquer coisa no mundo, mesmo que seus pais, e os pais de seus pais dissessem que era preciso namorar, noivar, conhecer a pessoa e ter dinheiro antes de casar. Quem dizia isso talvez nunca tivesse conhecido a Linguagem Universal, porque quando se mergulha nela é fácil entender que existe sempre no mundo uma pessoa que espera a outra, seja no meio de um deserto ou no meio das grandes cidades. E quando estas pessoas se cruzam, e os seus olhos se encontram, todo o passado e todo o futuro perdem qualquer importância, e só existe aquele momento, e aquela certeza incrível de que todas as coisas debaixo do Sol foram escritas pela mesma Mão. A Mão que desperta o Amor, e que fez uma alma gémea para cada pessoa que trabalha, descansa e busca os tesouros debaixo do Sol. Porque sem isto não haveria qualquer sentido para os sonhos da raça humana.
"Maktub", pensou o rapaz.

O Alquimista - Paulo Coelho (pgs 75 e 76)

Feliz dia dos pais? Talvez


Eu te amo pai. E de fato, tem alguma coisa que me prende demais a você. Queria conseguir voltar no tempo. Reviver todos os momentos maravilhosos que passamos juntos. Momentos onde o amor estava escancarado dentro dos olhos de cada um. Momentos em que, apenas segurando a sua mão podia sentir toda a proteção de um pai. Realmente, muita coisa mudou daqui pra cá. Você já não vive junto comigo e não nos vemos com muita frequência. Não tenho mais o apego de antes e não corro mais pro seus braços quando temo alguma coisa. Mas eu aindo sinto o laço que nos prende. Me tornei um pouco seca com essa nossa relação. Talvez seja a nossa convivência, que já não é diaria e já não é mais como antes. Talvez seja eu mesma, crescendo e deixando de lado a fantasia de garotinha do papai. Talvez seja você, que tenha deixado a fantasia de pai super protetor. Mas isso não importa. Eu adoro todos os personagens e as fantasias que vestimos esse tempo todo. Todas as máscaras com um buraco que dava visão para nosso riso verdadeiro. E principalmente, amo saber que ainda sou sua filha, e que apesar de tudo, isso não vai mudar. Se o passado não vai mais voltar e se as coisas não podem ser melhores daqui pra frente, que possam continuar sendo como estão. Saudades.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Nós vivemos e aprendemos a dar um passo de cada vez.



Apresse-se e espere
Tão perto, mas tão longe
Tudo o que você sempre sonhou
Perto o suficiente pra você provar
Mas você não consegue tocar

Você quer mostrar para o mundo, mas ninguém sabe o seu
nome ainda
Você imagina quando, onde e como você vai fazer
acontecer
Você sabe que pode, se você tiver a chance
Na sua cara, parece que as portas estão batendo
Agora você está se sentindo mais e mais frustrado
E você está ficando muito impaciente
Esperando...

Nós vivemos e aprendemos a dar um passo de cada vez
Não precisa se apressar
É como aprender a voar, ou se apaixonar
Vai acontecer quando tiver que acontecer
Aí nós descobrimos por que
Um passo de cada vez

Você acredita, e você duvida
Você está confuso, você tem tudo decidido
Tudo aquilo que você sempre desejou
Poderia ser seu, deveria ser seu, será seu
Se ao menos eles soubessem

Quando você não pode esperar mais
Mas não há um final à vista
(Quando você precisa encontrar a força)
É a fé que te faz mais forte
O único jeito de chegarmos lá
É dando um passo de cada vez...

Dê um passo de cada vez
Não precisa se apressar
É como aprender a voar, ou se apaixonar
Vai acontecer quando tiver que acontecer
Aí nós descobrimos por que
Um passo de cada vez
.

Jordin Sparks - One Step At a Time

Coragem as vezes é desapego. É aceitar doer inteiro até florir de novo. É abençoar o amor, aquele lá, que a gente não alcança mais.


E eu vou vivendo e vendo os dias passarem lentamente. Tentando me enganar e fingir que daqui a algum tempo tudo vai permanecer igual. Tentando não lembrar que em breve um sopro violento vai levar de mim tudo o que eu possuo em minhas mãos. Meus momentos, meus "amigos eternos", minhas lembranças e as páginas que escrevi. De uma certa forma, tudo vai permanecer dentro de mim e vir a tona quando eu quiser. Mas dói. Dói saber que tudo fatalmente vai ser diferente daqui a algum tempo. Dói saber que os laços que construi estão sujeitos a se romper em qualquer momento. Cada pulo que dou no futuro para tentar presumir o que irá acontecer me faz ficar desesperada. Quando tento olhar pra frente não consigo imaginar as coisas de outra forma, por mais que eu tente. Ainda estou acomodada e muito apegada em tudo o que aconteceu e ainda vem acontecendo. Mudanças são tão normais e são necessárias de vez em sempre. Mas acho que ainda não me acostumei com essa ideia de mudança radical nas entrelinhas da minha vida. Preciso entender de uma vez por todas que vou ser obrigada a recomeçar, que vou sofrer da dor do desapego, que as lembranças serão perturbadoras dentro da minha cabeça, mas eu vou precisar aguentar. Eu me considero uma pessoa corajosa, mas tenho meus momentos de covardia, confesso. Agora estou sentindo insegurança, e sentindo falta de uma coisa que ainda possuo. Estou me aproximando daquela cruzadilha em que é preciso decidir pra que lado vou seguir. Queria ter um pouco mais de força. Queria me libertar de tudo com mais facilidade. As vezes, eu queria apagar tudo e começar de novo pra não ter que carregar comigo a dor da saudade.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

A Fita Métrica do Amor


Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado. É pequena pra você quando só pensa em si mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas: a amizade. Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto. É pequena quando desvia do assunto. Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma. Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês. Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo. É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações. Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes. Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem tamanho.

(Martha Medeiros)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quando bate a saudade eu fecho os olhos e sinto você chegar. Quero acordar amanhã ao teu lado, no teu peito aconchegado, é tudo o que eu quero pra mim


Eu me pego pensando em como as coisas são tão mais fáceis quando você está aqui. Tudo o que eu sempre sonhei em sentir, sinto quando estou do seu lado. O coração acelerando quando espero sua chegada, a proteção do seu abraço que parece asfastar de mim tudo o que me faz mal, seu sorriso que me traz paz. Isso parece tão clichê e tão banal. Esse amor que eu expresso nessas palavras que parecem se desprender e sair voando pelo vento. Mas tudo isso é a realidade de um sentimento que passou a morar dentro de mim sem pedir permissão pra entrar e sem ter a mínima vontade de ir embora. E eu gosto disso. Os dias voam e as horas desaparecem quando estou do seu lado. Cada momento é intimamente precioso e me faz perceber o quanto tirei a sorte grande de ter encontrado um alguém assim como você. Mas quando falo da distância que separa nossos corpos sinto desespero. Cada despedida é uma tortura pra mim. Quando olho nos seus olhos e percebo que eles não estarão diante de mim nos próximos dias uma mão gigante vem e aperta meu coração com todas as forças. E aí sou obrigada a te dizer adeus e te deixar ir embora. Tudo assim, tão depressa. Vou vivendo os dias e riscando o calendário pra descobrir quando vamos estar perto de novo. E quando você não está as coisas parecem tão sem graça. Meu sorriso não sai com a mesma verdade como quando você está comigo. Meus olhos perdem o brilho e a felicidade fica muito mais distante. Todo esse discurso romântico parece ser familiar. Pode ser lido em qualquer frase feita ou em qualquer declaração de amor. Mas escrever isso e colocar pra fora meu sentimento e a saudade que sinto me faz sentir melhor de uma certa maneira. E agora, só quero acreditar que um dia eu não precise mais ficar assim tão incompleta com a sua ausência. Acreditar num futuro perfeito ao seu lado. Quero acreditar que um dia as coisas serão mais simples pra nós, que não só nosso coração, mas nossos corpos vão permanecer junto pra sempre.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Não consigo viver sem deixar transparecer quem sou. Não consigo não falar da dor. Não sei viver sem escrever, amor.


Cá estava eu pensando com meus botões.
Eu já percebi que não adianta sortear um assunto e sair escrevendo sobre ele, a não ser que ele não seja sobre sentimentos, pois para falar de sentimentos é preciso, antes de tudo, vive-lo. Eu não gosto de falar sobre política, esportes, meio ambiente (isso é crucial hoje em dia, mas eu ainda prefiro falar das coisas que se passam dentro de mim).
Escrever não é só passar as letras da caneta para o papel. Para escrever eu acredito que é preciso toda uma preparação interior, para que tudo que estiver sendo escrito saia da maneira mais real possível, do jeitinho que se passa dentro do coração de quem está escrevendo.
Desde pequena eu gosto de escrever. Tinha meus diários e minhas agendas, e anotava neles desde compromissos bobos até meus segredos mais profundos. Além disso, lia muitos livros (com mais frequência do que hoje) e me imaginava dentro das histórias. Acho que isso tem me incentivado todo esse tempo a escrever.
Eu não sou tão boa para falar quanto para escrever. Não que eu não saiba falar ou fale errado, é que quando estou escrevendo as palavras parecem brotar dentro da minha cabeça - coisa que não acontece com a mesma intensidade quando estou falando. Eu fico um pouco perdida, confesso, pois para redigir é necessário saber organizar todo o conceito de uma maneira que não confunda quem está lendo, e de uma forma que consiga atrair e tocar o coração do leitor.
Como já disse, quando eu escrevo, surge um turbilhão de ideias que ficam aflitas para serem passadas adiante, num desabafo ou numa crítica. É como se um novo mundo de abrisse diante de mim e eu pudesse enxergar muito mais além do mundo em que vivo. Falar de sentimentos então? Isso me faz tirar os pés do chão e voar, me sentir leve e sentir-me como se estivesse entrando no meu coração e no coração de quem lê e colocando tudo o que está lá dentro pra fora.
No final de tudo, escrever pra mim significa muito. Percebo que quando faço isso, fico meio que num estado de graça, numa boa sintonia e tudo de uma certa forma fica melhor, quando eu escrevo.



Mas o tempo vai passando e a gente vai aprendendo, Tropeçando, caindo, se levantando, correndo.


Esperar sempre foi muito difícil pra mim. Não consigo esperar atitudes, palavras, respostas de alguém. Sempre resolvi meus problemas tomando iniciativa, mas chega uma hora que isso não é mais possível. As mãos ficam atadas, a boca fica seca e a mente vazia. Eu fico parada num ponto do caminho e não consigo mais seguir em frente. E aí fica aquela sensação de que tem algo faltando. Algo que sempre esteve dentro de mim e agora está inalcançável. Começo a imaginar todas as possibilidades e todas as voltas que a vida dá, torço pra que numa dessas voltas ela me leve junto e dê uma sacudida no tapete da minha alma. Eu queria fazer as coisas do meu jeito pra que tudo pudesse se resolver mais rápido, mas é uma luta em vão. É como se existisse um muro entre eu e a decisão, impedindo um de encontrar o outro. Eu sinto que tudo está fugindo do meu controle, todas as alternativas estão escapando entre os meus dedos e o que me resta é esperar. Esperar por algo que talvez nunca chegue, por uma palavra que talvez nunca seja pronunciada, por uma atitude que talvez, nunca seja tomada. Ao mesmo tempo imagino que o acaso está se encarregando disso tudo. De me livrar ou de me proteger do que agora, vai passar a ser desconhecido pra mim. De qualquer forma, estarei aqui pensando em tudo o que vem acontecendo. Estarei esperando um desfecho pra essa história, que sinceramente, tem me deixado cansada. Fico aqui vendo o tempo passar e tentando tirar uma aprendizagem disso tudo, algo que vai me deixar mais forte e mais preparada pro futuro. Uma lição, uma cicatriz ou até uma lágrima. Algo que com certeza, vai me fazer uma pessoa mais sólida, mais valente. Que vai fazer com que eu recomece, pois eu caio, mas sempre, sempre me levanto.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Os ventos que as vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar.


Por que é tão difícil fazer as coisas sairem como nós planejamos? Eu sou muito sonhadora e sentimental, assumo. Sinto falta das pessoas que já me disseram "eu te amo" e hoje não me dizem nem "oi". Eu detesto brigar com alguém e detesto mais ainda estar certa e não ouvir um pedido de desculpas. Isso porque, eu sempre reconheço quando estou errada, baixo a guarda e peço perdão. Sou assim desde sempre. Não é fácil descer do salto e assumir o erro, mas é totalmente necessário para uma boa relação com qualquer pessoa. Mas, e quando isso não acontece? Eu fico frustrada e decepcionada. Achando que a culpa é minha, mas no fundo sei que não é. Aí tento ter um pouco mais de amor próprio e seguir a vida da melhor maneira possível, pensando nas milhares de hipóteses e nos muitos caminhos que a história pode seguir. Acontece. Muito dos meus planos não saem como eu quero. É como uma tempestade repentina num dia de sol. É como você acordar mas haver algo que te impede de enxergar a luz. Tudo está bem e de repente, acontece alguma coisa que vem pra te mostrar com clareza e transparência a realidade dos fatos. Então eu preciso me decidir se vou deixar a vida me pregar uma peça, ou se vou olhar por cima dos óculos e enxergar as coisas de um ponto de vista diferente, como algo passageiro, como algo que já cumpriu o que devia em algum capítulo da minha vida. Eu realmente prefiro acreditar que há algo melhor guardado pra mim. Eu escolho crer que o que foi tirado de mim é pouca coisa comparado com o que ainda está por vir.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

O Medo do Amor


Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê. O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade. E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro. Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos. Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.

[Martha Medeiros]

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Trilhando

Os dias passam rápido assim como os segundos. Estou me aproximando de algo que não sei explicar.. algo que está guardado pra mim. Um futuro incerto. Sou muito insegura em relação aos dias, meses e anos que estão por vir. Tenho medo de perder as pessoas, tenho medo de tomar atitudes erradas e temo as circunstâncias de vida. Mas tenho muito mais medo de ficar parada, isso é certo. A única certeza que possuo é que quero correr atrás das minhas decisões. Minha cabeça está muito confusa e vejo as escolhas se embralhando na minha frente. Não quero fracassar e sinto desespero de pensar nessa possibilidade. Queria dar um pulinho no futuro para descobrir como as coisas vão estar e o que eu fiz para chegar até lá. Deito a cabeça no travesseiro e minha mente passeia pelo mundo. Tenho vontade de sair daqui, ir embora e deixar apenas Deus cuidar de mim. Ao mesmo tempo, me sinto pequena e frágil. Não quero apanhar de vida e não quero abrir os olhos para uma realidade que talvez não seja do jeito que eu imagino. O presente não está tão ruim. Embora ele, ás vezes, me dê um tapa na cara e me jogue um balde de água fria para acordar, sinto que estou indo pelo caminho certo. Sinto que a insegurança no meu coração é algo normal, mesmo que um pouco desagradável. Sei que só eu posso responder pelos meus atos, e somente eu posso traçar o destino a seguir. Tudo é uma mistura de sentimentos que não me levam a lugar nenhum. Por mais estranhas que sejam essas sensações, sinto que está chegando um novo tempo. Um tempo de decisões. Dias que temo, mas que preciso enfrentar. Novas perspectivas, novos desafios, uma escada para subir degrau por degrau, dia a dia. Então eu para pra refletir e tenho a ideia de que a vida é um eterno misto de loucura, escolhas e aprendizagem, e eu sou apenas uma novata.

domingo, 31 de julho de 2011

Desabafo


Eu odeio a sensação de impotência. Odeio me sentir sozinha e imaginar a possibilidade de ser descartada por alguém, principalmente por alguém que eu não esperava. Eu faço de tudo pra ser uma boa pessoa, e dar o melhor de mim, no fim acabo me fodendo. Aparecem pessoas com más pretensões , gente que vem pra estragar tudo e sair com um sorriso no rosto. Eu odeio me sentir assim, e odeio principalmente ver que as coisas não saem como um dia eu planejei. As pessoas que eu considerava tanto estão, aos poucos, realmente mostrando quem são. Talvez o problema seja comigo. Me apego muito nas pessoas e fico cega achando que elas nunca vão me magoar, e quando magoam me sinto caindo em um buraco sem fundo. Talvez eu esteja aprendendo a ver a vida como ela realmente é, aprendendo a olhar a verdadeira face dos outros e os seus verdadeiros interesses por trás de suas atitudes. Ás vezes penso que em alguns casos, a culpa seja minha. Sinto vontade de pedir desculpas e ao mesmo tempo sinto vontade de enfiar a mão na garganta de quem me magoou, tirar as desculpas lá de dentro e acabar com esse maldito orgulho. Tenho a impressão de não estar fazendo falta pra ninguém, pois nunca se importam de ouvir o meu lado. Nunca se importam de saber como estou e nunca, mesmo que eu esteja errada, escutam o que tenho preso dentro do coração. É muito mais fácil fingir que não existo e ir levando com a barriga o peso do sentimento. Me pego pensando muitas vezes no valor que eu tenho pras pessoas. E chego a conclusão de que, o valor dado e recebido nunca é mesmo. É como o amor em um relacionamento: um sempre ama mais. Um sempre valoriza mais. É aí que é preciso abrir o olho, erguer a cabeça e tentar ser um pouco mais egoísta.

domingo, 19 de junho de 2011

Mania de explicação

Era uma menina que gostava de inventar uma explicação para cada coisa.

Explicação é uma frase que se acha mais importante do que a palavra.
As pessoas até se irritavam, irritação é um alarme de carro que dispara bem no meio de seu peito, com aquela menina explicando o tempo todo o que a população inteira já sabia. Quando ela se dava conta, todo mundo tinha ido embora. Então ela ficava lá, explicando, sozinha.
Solidão é uma ilha com saudade de barco.
Saudade é quando o momento tenta fugir da lembrança pra acontecer de novo e não consegue.
Lembrança é quando, mesmo sem autorização, seu pensamento reapresenta um capítulo.
Autorização é quando a coisa é tão importante que só dizer "eu deixo" é pouco.
Pouco é menos da metade.
Muito é quando os dedos da mão não são suficientes.
Desespero são dez milhões de fogareiros acesos dentro de sua cabeça.
Angústia é um nó muito apertado bem no meio do sossego.
Agonia é quando o maestro de você se perde completamente. Preocupação é uma cola que não deixa o que não aconteceu ainda sair de seu pensamento.
Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer mas acha que devia querer outra coisa.
Certeza é quando a idéia cansa de procurar e pára.
Intuição é quando seu coração dá um pulinho no futuro e volta rápido.
Pressentimento é quando passa em você o trailer de um filme que pode ser que nem exista.
Renúncia é um não que não queria ser ele.
Sucesso é quando você faz o que sempre fez só que todo mundo percebe.
Vaidade é um espelho onisciente, onipotente e onipresente. Vergonha é um pano preto que você quer pra se cobrir naquela hora.
Orgulho é uma guarita entre você e o da frente.
Ansiedade é quando faltam cinco minutos sempre para o que quer que seja.
Indiferença é quando os minutos não se interessam por nada especialmente.
Interesse é um ponto de exclamação ou de interrogação no final do sentimento.
Sentimento é a língua que o coração usa quando precisa mandar algum recado.
Raiva é quando o cachorro que mora em você mostra os dentes.
Tristeza é uma mão gigante que aperta seu coração.
Alegria é um bloco de Carnaval que não liga se não é fevereiro.
Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma.
Amizade é quando você não faz questão de você e se empresta pros outros.
Decepção é quando você risca em algo ou em alguém um xis preto ou vermelho.
Desilusão é quando anoitece em você contra a vontade do dia.
Culpa é quando você cisma que podia ter feito diferente, mas, geralmente, não podia.
Perdão é quando o Natal acontece em maio, por exemplo.
Desculpa é uma frase que pretende ser um beijo.
Excitação é quando os beijos estão desatinados pra sair de sua boca depressa.
Desatino é um desataque de prudência.
Prudência é um buraco de fechadura na porta do tempo.
Lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
Razão é quando o cuidado aproveita que a emoção está dormindo e assume o mandato.
Emoção é um tango que ainda não foi feito.
Ainda é quando a vontade está no meio do caminho.
Vontade é um desejo que cisma que você é a casa dele.
Desejo é uma boca com sede.
Paixão é quando apesar da placa "perigo" o desejo vai e entra.
Amor é quando a paixão não tem outro compromisso marcado. Não. Amor é um exagero... Também não. É um desadoro... Uma batelada? Um enxame, um dilúvio, um mundaréu, uma insanidade, um destempero, um despropósito, um descontrole, uma necessidade, um desapego? Talvez porque não tivesse sentido, talvez porque não houvesse explicação, esse negócio de amor ela não sabia explicar, a menina.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Um dia de cada vez


Eu brigo demais com a vida, mas aos poucos vou percebendo que existem tantas coisas insignificantes que passam por mim todos os dias, e hoje me senti covarde reclamando dessas coisas pequenas.
Eu tenho muitas escolhas para fazer toda hora. Posso escolher sorrir, ou passar minha mágoa adiante. Posso escolher me lamentar por não ter tudo, ou levantar a cabeça e lutar para ter o que eu quero. Posso escolher o rancor e a ignorância, ou a simpatia para conquistar as pessoas e manter minhas amizades. Posso escolher entre o sorriso falso ou a lágrima verdadeira. Opto pela segunda opção.
Hoje eu percebi que tenho amor para dar. Possuo grandes amigos, almas gigantes caminhando do meu lado sem me cobrarem nada. Eu reconheci que não posso agradar todo mundo e não sofro mais com o medo de possuir inimigos. Inimigos são.. estimulantes. Vou aceitar somente as pessoas que me conhecem e gostam de mim como eu sou.
Toda hora tento mudar meus defeitos, mas estou aprendendo que eles fazem parte da minha essência. O que tenho de fazer é assumi-los e deixar rolar. Eu quero ser uma pessoa melhor, mas não quero que isso seja forçado ou fingido, e não quero precisar pisar em ninguém para mostrar minha superioridade. Eu verei quando isso refletir nos meus atos.
Todos os dias eu vou percebendo minhas mudanças. E vou aprendendo com elas. Quero passar coisas boas para quem estiver comigo. Um sorriso, um abraço, um momento de silêncio, ou um olhar. Não preciso de milhares pessoas me rodeando. Basta uma que me ame.
Eu tenho amor próprio. Ninguém é capaz de amar ninguém sem amar a si mesmo.
Vou viver sem fingimento, dando a cara a tapa, chorando e sofrendo sem medo de ser julgada.
Hoje me dei conta do quão sou pequena diante desse mundo imenso. Posso escolher entre ficar parada ou tirar meus pés do chão para viajar dentro de mim. Posso escolher entre fechar os olhos e cruzar os braços para os problemas, ou entrar na batalha mas sair vitoriosa, mesmo que ferida.
Um dia de cada vez. Esse é o segredo.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Cheio de vazio


Como sempre nesse mundo onde a aparência sempre sai na frente, a carcaça vale muito mais que o conteúdo.
Tão linda, roupas de grife, conhece muita gente, cercada de pessoas.. mas tão burrinha. O máximo que consegue é um beijo e uma noite de quase-amor, depois um pé na bunda e uma má fama. O que é pior, isso faz dela uma pessoa bacaninha.
E um outro. É sempre manipulado por quem está perto. Não consegue se expressar, não consegue dar um sorriso verdadeiro com medo de perder sua preciosa popularidade. Tem sempre que forçar uma piadinha e fingir que é bobinho pra conseguir atenção dos outros e pagar de engraçado.
Os valores estão se perdendo. Agradar as pessoas e fazer falsos-amigos é muito mais importante que se impor e conquistar amizades deixando se estampar na cara os defeitos. Ninguém aceita mais pessoas que não seguem os padrões legais da sociedade. E quem guarda sua essência e demonstra pros outros quem realmente é, ao invés de ser o autêntico e verdadeiro, acaba sendo o patético e fora de moda. Ser igual aos outros é mais legal. Falar mal dos outros é divertido. Fingir e dissimular é tão simples quanto respirar. Você abre os olhos e vê um verdadeiro espetáculo de fingimento e falsidade. Os conceitos estão se invertendo.
Quem era amigo mas não veste uma roupa chique, já não serve mais. Se você finge ser quem não é mas isso te deixa cercado de gente, parabéns! Você é um ótimo amigo!
Forçar palavras, sorrisos e viver embaixo de um pano é uma boa forma de conseguir companhia.
Principalmente aquelas que vão correr na hora que você precisar.
Num mundo de mentiras e hipocrisia, muitas pessoas se sentem um poço de vergonha. Aqueles que dão a cara a tapa mostrando a personalidade parecem perder, mas ganham aquilo que não se pode comprar e nem fingir ter: caráter.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Eu te amo não diz tudo


Sentir-se amado

O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama.

Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado.

Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se.

A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também?

Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois.

Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúvidas e que dá uma sacudida em você, caso você esteja delirando. "Não seja tão severa consigo mesma, relaxe um pouco. Vou te trazer um cálice de vinho".

Sentir-se amado é ver que ela lembra de coisas que você contou dois anos atrás, é vê-la tentar reconciliar você com seu pai, é ver como ela fica triste quando você está triste e como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d´água. "Lembra que quando eu passei por isso você disse que eu estava dramatizando? Então, chegou sua vez de simplificar as coisas. Vem aqui, tira este sapato."

Sentem-se amados aqueles que perdoam um ao outro e que não transformam a mágoa em munição na hora da discussão. Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente bem-vindo, que se sente inteiro. Sente-se amado aquele que tem sua solidão respeitada, aquele que sabe que não existe assunto proibido, que tudo pode ser dito e compreendido. Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é, sem inventar um personagem para a relação, pois personagem nenhum se sustenta muito tempo. Sente-se amado quem não ofega, mas suspira; quem não levanta a voz, mas fala; quem não concorda, mas escuta.

Agora sente-se e escute: eu te amo não diz tudo.

(Martha Medeiros)